Bem Vindo ao Blog Cida Medeiros! Caleidoscópio do Saber com Cida Medeiros: Por que o corpo diz "sim" antes da mente, teoria Polivagal.

Por que o corpo diz "sim" antes da mente, teoria Polivagal.



O "sim" que veio antes do "olá": como um simples encontro na rua me ensinou sobre a conexão humana

Sempre que a feira chega na minha rua, a gente sabe que é dia de encontrar os vizinhos. É o tipo de dia que a gente aproveita para botar o papo em dia, falar sobre a vida, trocar umas risadas. Adoro isso.

Outro dia, voltando para casa com as minhas compras, vi uma pessoa descendo a ladeira da minha rua com bastante dificuldade, apoiada em uma bengala. De primeira, eu não a reconheci. Estava de costas e só a via de longe. A pessoa parecia lutar para equilibrar as sacolas de compras.

Aproximei-me por trás e, sem que ela me visse, perguntei: "Quer ajuda?". A resposta veio na hora, firme e clara, sem qualquer hesitação: "Quero!".

Só depois de me aproximar é que ela se virou e me reconheceu. Era a minha vizinha, uma pessoa muito querida, de muitos anos, que mora aqui no prédio. Os olhos dela se encheram de alegria. "Ah, é você!", ela disse, com um sorriso no rosto.

Peguei algumas das sacolas que estavam pesadas e seguimos juntos até o elevador, conversando sobre a feira, o dia, a vida. Foi um papo tão gostoso, desses que a gente não esquece. Quando chegamos ao nosso andar, ofereci ajuda para levar as compras até o apartamento dela, mas ela agradeceu e disse que não precisava. Respeitei a escolha e seguimos nosso caminho.

E foi aí que a minha cabeça começou a trabalhar. Como ela disse "sim" tão rápido, sem nem saber quem eu era? Eu estava atrás dela, ela não podia ver meu rosto, nem meu sorriso. O que fez o corpo dela responder com tanta confiança?

De todas as respostas possíveis, a que escolhi e que esta em sintonia com minhas pesquisas, cursos e estudos é essa coisa fascinante chamada neurocepção.

É como um superpoder que o nosso sistema nervoso tem: ele escaneia o ambiente em busca de sinais de segurança ou perigo, e faz isso em uma velocidade impressionante, muito antes que a nossa mente consciente perceba. No meu caso, o tom da minha voz, o ritmo da minha aproximação, tudo isso deve ter passado uma sensação de calma e apoio. A neurocepção dela deve ter dito: "Ei, essa pessoa não é uma ameaça. Pode confiar". E o "sim" veio antes mesmo da visão.

Essa teoria, a Teoria Polivagal, criada pelo Dr. Stephen Porges, nos mostra que a conexão social não é apenas sobre o que a gente fala, mas também sobre o que os nossos corpos sentem. É essa troca de sinais de segurança que nos permite baixar a guarda e criar laços com outras pessoas, mesmo em momentos inesperados, como um encontro casual na rua.

A experiência me fez pensar em como a gente se comunica sem palavras. O gesto de perguntar, o tom de voz, a energia que a gente transmite... Tudo isso importa.

Se você ficou curioso para saber mais sobre como o seu corpo detecta segurança ou perigo, vale a pena pesquisar mais sobre a neurocepção. É um conceito que muda a forma como a gente entende nossas interações diárias.

Outros post aqui no meu Blog que podem te interessar:

Você não está quebrado – seu corpo só está tentando te proteger

Autismo, Audição e Nervo Vago: A Nova Esperança Terapêutica que Poucos Conhecem

O terapeuta que ouve o corpo: como uma escuta segura transforma sua cura

A Confiança como um Estado Fisiológico

Ansioso, desligado ou em paz? Descubra onde seu sistema nervoso está agora


Para se aprofundar: Se você quiser saber mais sobre a Teoria Polivagal e a neurocepção, o trabalho do Dr. Stephen Porges é a referência principal. Uma de suas obras mais importantes, que explora esses temas em detalhes, é:

  • Porges, Stephen W. The Polyvagal Theory: Neurophysiological Foundations of Emotions, Attachment, Communication, and Self-regulation. W. W. Norton & Company, 2011.


Cida Medeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem vindo! Deixe aqui seu comentário.