A busca pela verdade e pela profundidade da existência sempre guiou meu caminho. E, nesse percurso, me deparei com figuras que ressoaram profundamente com a minha alma. Krishnamurti (1895-1986), nascido em Madanapalle, Madras, na Índia, é um desses exemplos que me inspira e me lembra da importância de trilhar um caminho genuíno de autoconhecimento.
Minha própria jornada me levou a mergulhar nos ensinamentos da Dinâmica Energética do Psiquismo, uma escola conceituada que me proporcionou encontros e vivências transformadoras. Uma de suas fundadoras, uma mulher de sabedoria e perspicácia admiráveis, era reconhecida por sua profunda compreensão da multidimensionalidade humana e dos campos de energia. Sua influência, enriquecida por viagens e encontros com mestres espirituais na Índia – e em especial o encontro transformador com Sai Baba –, moldou uma visão de mundo que ia muito além do óbvio.
Lembro-me com carinho das segundas-feiras, quando meditávamos em sintonia com o Campo de Sabedoria antes dos nossos estudos e reflexões. Eram encontros que, de fato, estavam além dos Egos, a serviço e em sintonia com um propósito maior. Essa vivência me preparou para compreender a grandiosidade de um pensador como Krishnamurti.
Em 1909, a Dra. Annie Besant e CW Leadbeater, figuras proeminentes da Sociedade Teosófica, reconheceram em Krishnamurti faculdades latentes de inestimável valor moral e espiritual. Annie Besant, uma notável ativista e defensora dos direitos humanos, e CW Leadbeater, um clérigo e teosofista conhecido por suas habilidades clarividentes, desempenharam um papel crucial no início da jornada de Krishnamurti.
No entanto, quando a Sociedade Teosófica o proclamou como o futuro "Mestre da Humanidade", Krishnamurti tomou um rumo inesperado. Em 1929, dissolveu a Ordem da Estrela, rejeitando completamente a ideia de fundar uma nova religião ou de ser um guia. Embora não se autoproclamasse "mestre", seus ensinamentos profundos são naturalmente reconhecidos como os de um grande pensador e guia espiritual – alguém que, como os encontros que eu valorizava, estava a serviço de um propósito que transcendia o ego.
Ilustre e avançado em sua compreensão da verdadeira natureza humana, Krishnamurti defendia que o desenvolvimento espiritual é uma conquista individual, jamais alcançada por meio de submissão a mestres ou religiões. Essa era uma verdade que eu mesma pude vivenciar: a importância de desapegar das expectativas e encontrar a verdade dentro de si. Como é sabido, ele repudiava toda autoridade que tentasse aprisionar valores espirituais em um grupo fechado de crentes. Para ele, a verdade é algo que se revela pela evolução e está escondida na consciência do ser humano. Ele sempre dizia: "Somente a Vida pode criar a Vida."
O legado de Krishnamurti continua vivo através de suas obras e das fundações que ele inspirou, como a Fundação Krishnamurti, que promovem seus ensinamentos sobre autoconhecimento, liberdade e transformação. Seus livros, palestras e diálogos continuam a inspirar pessoas em todo o mundo a buscar uma compreensão mais profunda de si mesmas e da realidade.
A sua vida e os seus ensinamentos são um lembrete constante de que a sabedoria e a liberdade residem na capacidade de questionar, de viver no momento presente, e de reconhecer que a verdade mais profunda floresce quando nos permitimos ser genuinamente quem somos, desapegados de rótulos e expectativas. É uma inspiração para trilhar o próprio caminho, com a leveza de quem sabe que a verdadeira autoridade está dentro.
Por Cida Medeiros Fonte: Diário de Krishnamurti – Ed. Cultrix
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