De Acordo com o Céu: A Travessia do Luto e o Renascimento (Uma Reflexão para o Dia de Finados)
Hoje é um dia de silêncio, de memória e de uma profunda e coletiva saudade.
Neste Dia de Finados, nossos pensamentos se voltam para aqueles que se foram. Para a mãe ou o pai que nos deu a vida, para o filho que partiu cedo demais, para o amor que se foi, para o amigo insubstituível. E também para as mortes simbólicas: os sonhos que não se realizaram, os caminhos que se fecharam.
Todo luto profundo, não importa a sua origem, cria a mesma sensação: a de um abismo.
Uma professora sábia, que encontrou na própria dor um prêmio, certa vez descreveu essa geografia da alma de forma perfeita. Ela usou seu luto mais profundo como um mapa para todos os outros:
"Quando perdi minha mãe, um buraco avassalador abriu-se dentro de mim. Ele drenava tudo para dentro dele, parecia sem fim. Levou carreira, amigos, quase a minha própria vida."
Seja qual for o nome que sua perda tem hoje, você provavelmente conhece esse buraco. É o vácuo que parece consumir toda a esperança.
A Mestra, o Farol e a Travessia Universal
Como sair de um lugar que parece não ter chão? A história da professora nos dá a primeira pista: a necessidade de uma nova perspectiva.
"Por alguma razão totalmente desconhecida, uma mestra se apresentou e disse: 'Quem você perdeu não morreu, apenas vive do lado de lá. Atravesse a ponte. Está vendo aquele farol? Pois tenha ele em perspectiva. Estarei aqui observando de longe, mas a travessia é sua.'"
Essa "mestra" pode ser a fé, um terapeuta, um insight, ou a própria intuição. O "farol" é a prova de que existe algo além da dor. A cura não é esquecer; é mudar a perspectiva.
Exige coragem. Exige determinação.
A "Argamassa Celestial" da Cura
Ao nos movermos em direção a essa luz, o milagre invisível acontece. A cura começa a preencher o vazio, não importa o que o causou.
"Assim, ao se aproximar da Luz, vi que na verdade era um portal. Uma passagem entre mundos... Lá estava a essência, o amor, envolto em Luz.
Foi um olhar profundo, sereno, um sorriso sem palavras. Parecia uma argamassa celestial que começava a preencher aquele buraco profundo da alma. Parecia milagrosamente construir um chão onde havia um abismo. [...] O abraço, o sorriso, a presença ficaram marcados no Éter invisível da criação."
Esse reencontro simbólico é o que constrói um novo chão.
E Agora? O Solo Fértil do Renascimento
Voltar desse lugar de profunda conexão nos deixa perplexos diante da destruição que a perda causou.
"Retornei. Olhei para a vida com um olhar diferente... Vi toda aquela destruição com ar de perplexidade, como alguém que volta de um transe e se pergunta: 'E agora?'
Há chances de reconstrução? Alguma possibilidade?"
Aqui começa o verdadeiro renascimento. Onde antes havia um "território sem vida", agora há um solo árido, mas pronto.
"Apenas a fé de que existem algumas sementes germinando neste solo, de maneira muito invisível. Um projeto invisível... que a fé ainda me faz supor que irá existir. [...] Sabendo que sempre haverá um novo luto, simbólico ou real, e uma nova oportunidade de Renascimento."
A Aliança Invisível que Honramos Hoje
Neste Finados, o que nos guia é essa fé.
"Será que existe, na verdade, uma aliança invisível, da qual a gente não tem a capacidade de ver ainda? Mas que nos dá uma certa esperança."
Que a saudade que sentimos hoje não seja apenas dor, mas a certeza dessa aliança. Que ela se transforme em um novo amor. Um amor que rega esse solo árido e permite que, então, haja uma nova possibilidade.
Que nessa nova criação, possamos ser uma nutrição para todos. E que isso, enfim, faça a vida voltar a fazer sentido novamente.
Cida Medeiros
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