🛋️ Sexta-feira, no Divã — Episódio 02
Você já se sentiu manipulado, culpado ou emocionalmente confuso depois de uma conversa com alguém próximo — mesmo sem entender exatamente o motivo?
Ou já percebeu em si mesma uma certa frieza, um prazer em ter o controle, em provocar reações, em não se afetar demais?
Talvez isso te assuste. Talvez você pense: “isso é maldade?”. Mas e se eu te dissesse que, na psicanálise, o funcionamento perverso não está ligado apenas à maldade — mas a uma forma complexa de defesa psíquica?
O que é perversão, afinal?
Na linguagem cotidiana, chamamos de "perverso" quem parece cruel, sádico ou manipulador.
Mas na psicanálise, a perversão é uma estrutura de defesa emocional — muitas vezes inconsciente — usada por pessoas que, em algum ponto da vida, aprenderam que mostrar sentimentos pode ser perigoso demais.
É como se, para não sofrer, o sujeito colocasse o outro no lugar de objeto: usa, confunde, controla, seduz — mas não se compromete verdadeiramente.
Como age alguém com funcionamento perverso?
Nem sempre o perverso é agressivo. Na verdade, muitas vezes ele é encantador, inteligente, divertido… até que você perceba que algo está errado e que é você quem está sempre em dúvida, desconfiando de si mesmo.
Pessoas com traços perversos podem:
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Jogar com a culpa e te fazer sentir responsável por tudo.
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Te seduzir emocionalmente e, em seguida, te deixar inseguro.
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Usar suas fragilidades como armas silenciosas.
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Te invalidar emocionalmente com frases como: “isso é coisa da sua cabeça”.
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Ser extremamente carismáticas e adoradas socialmente — o que aumenta a sua confusão.
E se a perversidade estiver em mim?
Essa é uma pergunta corajosa.
A verdade é que todos nós, em algum momento, podemos agir de forma perversa. Quando estamos com medo, quando fomos machucados, quando aprendemos a sobreviver emocionalmente dominando ou confundindo.
A diferença está na frequência, na consciência e no desejo de transformação.
Quem reconhece seus mecanismos pode transformá-los.
Quem os nega ou justifica, os repete.
Como posso me observar?
Aqui vão algumas perguntas importantes para sua autoanálise:
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Me sinto poderoso(a) quando consigo desestabilizar alguém emocionalmente?
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Costumo usar ironia, sarcasmo ou ambiguidade como forma de controle?
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Me envolvo com pessoas que sempre me fazem duvidar da minha própria percepção?
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Tenho dificuldade de sentir culpa ou empatia quando machuco alguém?
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Uso os sentimentos dos outros para obter o que quero?
Não se culpe — se escute.
Olhar para isso é o início da mudança.
O que fazer?
🌱 Procure apoio terapêutico.
Tanto para quem se identifica com comportamentos perversos, quanto para quem vive em relações com esse tipo de dinâmica. O sofrimento pode ser silencioso, mas muito profundo.
🧠 Nomear é o primeiro passo.
Identificar padrões, trazer à consciência, falar sobre o que dói — isso já começa a abrir espaço para algo novo.
❤️ Cultive relações saudáveis.
Em vínculos autênticos, há espaço para sentir, errar, reparar. A verdadeira intimidade cura.
Conclusão: Perversidade não é destino — é um pedido de ajuda disfarçado.
Quando feridas antigas não são cuidadas, a alma encontra jeitos distorcidos de lidar com o mundo. Mas quando há escuta, presença e coragem, até os padrões mais rígidos podem ser transformados.
Você não é um rótulo.
Você é uma história em processo de cura.
Se esse texto despertou algo em você, talvez seja hora de olhar com mais carinho para suas emoções e relações.
E se desejar, estou aqui para caminhar ao seu lado.
🌿 Marque uma sessão de acolhimento. Vamos conversar.
📌 @Cida2016medeiros | www.cidamedeiros.org
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