Jornada Espiritual na Índia: Lições de Auroville
![]() |
| Cida Medeiros - Auroville |
Uma Jornada Espiritual muito importante que desejo compartilhar com você, especialmente hoje, irei reproduzir um pouco do que foi estar em Auroville, uma comunidade na diversidade.
Pense rápido: quando foi a última vez que você ficou em silêncio absoluto? Não o silêncio entre uma música e outra, ou o que dura até a próxima notificação no celular. Falo daquele silêncio profundo, onde a única companhia é a sua própria respiração e o ritmo dos seus pensamentos.
Na correria do dia a dia, nos acostumamos tanto com o barulho externo que esquecemos como ouvir nossa própria voz interior. A conexão consigo mesmo vira um artigo de luxo, algo que deixamos para "quando der tempo". Mas e se essa conexão for a coisa mais essencial que temos?
Anos atrás, senti um chamado para fazer uma pausa desse ruído todo. Uma jornada espiritual me levou à Índia e, de repente, eu me vi subindo descalça por uma rampa suave, dentro de uma imensa esfera dourada em Auroville. O único som era o tilintar de água correndo, e o silêncio ao redor era tão profundo que se podia quase tocar. Foi ali, nesse espaço sagrado, que a verdadeira conexão aconteceu, e eu entendi que o que buscava não era apenas a ausência de som, mas a presença de um profundo respeito, uma abertura para a experiência e, finalmente, um reencontro comigo mesma.
Chegar àquele lugar não foi uma jornada apenas física. Cada passo na Índia já era um convite à entrega, mas em Auroville, no caminho para o Matrimandir, o convite se tornou ainda mais claro. Antes mesmo de entrar na câmara interna da orbe dourada, o ambiente já nos pedia algo fundamental: respeito. Respeito pelo espaço, pela energia que ali pulsava e, acima de tudo, respeito pelo nosso próprio processo.
Tirar os sapatos, como é costume em tantos locais sagrados na Índia, não era apenas uma regra; era um ritual. Um ato simbólico de deixar para trás o que é externo, o peso do mundo, para então pisar no chão sagrado com humildade e abertura à experiência. A cada passo descalço, senti a textura do caminho, a temperatura do piso, e essa conexão com o solo me trazia para um estado de maior presença. Era um preparo silencioso para o que viria, uma sintonia fina para que a mente pudesse se acalmar e o coração se abrisse para o que o momento tinha a oferecer.
Finalmente, o momento de entrar na orbe dourada. Lá dentro, a arquitetura por si só já era uma oração. A rampa suave que nos conduzia para cima não era apenas um caminho físico; era uma ascensão interior. O som da água correndo, que lembrava uma chuva tranquila ou uma fonte translúcida, criava uma trilha sonora natural que acalmava a mente. O silêncio era profundo, quase palpável, convidando a cada um a mergulhar em sua própria essência.
No andar mais alto da esfera, onde os cristais dançavam com a luz e uma abertura no teto permitia que os raios solares incidissem diretamente, a experiência se completou. Meditar ali, banhada por aquela luz e envolta por uma sacralidade que o espaço convidava e solicitava a todos os presentes, foi um portal. Ali, no topo, a mente aquietou-se. Não havia passado, nem futuro; apenas o momento presente em sua plenitude. Foi um encontro consigo mesma na forma mais pura: sem filtros, sem ruídos externos, apenas a essência. Compreendi que o verdadeiro templo não estava nas paredes douradas ao meu redor, mas na quietude que encontrei dentro de mim.
Voltar da Índia foi como trazer um pedaço daquele silêncio, daquela abertura e daquele respeito comigo. A verdade é que não precisamos de uma viagem transcontinental para encontrar nosso próprio Matrimandir interior. A busca por esse encontro consigo mesmo, por essa abertura à experiência e por esse respeito pelo nosso eu mais profundo pode e deve acontecer em nossa rotina.
Pense em como podemos criar nossos próprios "espaços sagrados" no cotidiano:
O ritual do silêncio: Pode ser dedicar 5 minutos ao acordar para apenas sentir a respiração, antes de pegar o celular.
Abertura para o novo: Que tal experimentar um caminho diferente para o trabalho, provar uma comida exótica ou começar aquele hobby que você sempre quis?
Respeito pelo seu tempo: Aprenda a dizer "não" quando seu corpo e mente pedem descanso, ou a dedicar um tempo para algo que realmente nutre sua alma, sem culpa.
A grande lição de Auroville não foi sobre o destino, mas sobre a jornada interna. Foi sobre a consciência de que a sacralidade não está apenas em templos distantes, mas na forma como nos aproximamos de nós mesmos e da vida: com respeito, abertura e a coragem de nos encontrarmos no silêncio.
Minha jornada à Índia foi um lembrete poderoso de que a viagem mais transformadora não é medida em quilômetros, mas em profundidade. A verdadeira peregrinação é para dentro. Ao nos abrirmos para o silêncio, descobrimos um universo inteiro que mora em nós, esperando para ser ouvido com respeito e curiosidade.
Agora, eu te convido a refletir:
Qual pequeno ritual de "respeito por si mesmo" você pode iniciar ou redescobrira na sua vida hoje? Compartilhe nos comentários, vamos inspirar uns aos outros a encontrar nossos espaços sagrados.
Cida Medeiros

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Bem vindo! Deixe aqui seu comentário.